terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Carlos Castaneda




Carlos Castaneda ou Carlos Aranha Castaneda (25 de dezembro de 1925 — 27 de abril de 1998) foi um escritor e antropólogo formado pela Universidade da Califórnia (UCLA); notabilizou-se após a publicação, em 1968, de sua dissertação de mestrado intitulada The Teachings of Don Juan - a Yaqui way of knowledge, lançado no Brasil como A Erva do Diabo.

Vida e Obra
Em 1973 revê os conceitos apresentados na primeira obra em uma versão de sua tese de PhD intitulada Journey to Ixtlan - Lessons of Don Juan (Viagem a Ixtlan). Sua obra consiste em onze livros autobiográficos no qual relata as supostas experiências decorrentes de sua associação com o bruxo conhecido por Don Juan Matus, índio da tribo Yaqui do deserto de Sonora, no México. Um 12° livro chamado Magical Passes (Passes Mágicos) foi lançado, mas destoa do conjunto da obra, se aproximando mais de um manual prático de aplicação de exercícios corporais.
A Erva do Diabo se tornou um best-seller entre os jovens do movimento hippie e da contracultura, que rapidamente elegeram Castaneda um guru da nova era e formaram legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro.
Uma controvérsia se formou em torno de sua figura tanto por parte de admiradores, que queriam encontrar Don Juan pessoalmente e de alguma forma fazer parte do processo de aprendizado, quanto de céticos, que queriam encontrar motivos para desacreditá-lo academicamente, argumentando que o testemunho fornecido em seus escritos era ficional e apontando a escassez de fontes documentais sobre sua pesquisa de campo junto ao mestre indígena.
Em 1973, no auge de sua fama, a conhecida revista norte-americana TIME publicou uma extensa matéria de capa sobre o autor. Esta só foi conseguida depois de muita insistência junto aos agentes literários do autor que, inclusive, posou para fotos em ângulos parciais, o que sempre evitava a todo custo. A abrangente matéria notabilizou-se por publicar o resultado de uma suposta investigação envolvendo a biografia de Castaneda antes da fama, e tinha entre seus objetivos implícitos e explícitos, o propósito de retratá-lo como um mentiroso. A reportagem alega que Castaneda era peruano, nascido na andina cidade de Cajamarca, cuja origem remonta ao império inca. A reportagem cita amigos da terra natal e mesmo uma irmã de Castaneda falando sobre traços da personalidade de Castaneda, como alguém dono de imaginação fértil e entregue ao vício do jogo. Segundo ela, Castaneda seria filho de um relojoeiro e teria nascido no ano de 1925. Aos 24 anos, em 1951, teria decidido imigrar para os EUA após a traumática morte da mãe. No livro de entrevistas Conversando com Carlos Castaneda, da jornalista Carmina Fort, Castaneda, décadas depois, lamenta a decisão da TIME de publicar estes dados, que teriam sido inseridos porque ela "precisava de uma história". O autor ironiza o esforço da matéria em situar sua ascendência junto a índios sul-americanos.
Segundo o próprio Castaneda, ele teria nascido no Brasil, em 1935, no extinto município de Juqueri, hoje Mairiporã, acidentalmente, no meio de uma família conhecida. Um parente - pelo lado paterno - era o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, famoso pela sua notável participação internacional durante a Segunda Guerra mundial. Seu pai, posteriormente um professor de literatura, tinha apenas 17 anos, e sua mãe, 15. Após a morte de sua mãe, quando tinha 6 anos, sua criação ficou a cargo dos avós maternos, pequenos proprietários rurais de uma granja. Episódios da sua infância no interior de São Paulo são descritos primeiramente em Viagem a Ixtlan e com mais detalhes em seu último livro, O Lado Ativo do Infinito. Semi-abandonado pelo pai, o autor guardou mágoa em relação a ele durante toda a vida, retratando-o algumas vezes como um homem fraco e sem propósito. Em um dos seminários que deu no final da vida, afirma que o pai havia se casado de novo e tido uma outra filha, e possuía uma grande biblioteca, tendo se tornado um notável leitor.
O jovem Castaneda foi enviado para um importante colégio de Buenos Aires, o Nicolas Avellaneda, onde permaneceu até os 15 anos estudando e onde provavelmente aprendeu o espanhol que mais tarde viria exercitar no México. Tornando-se um problema para a família pelo seu comportamento revoltoso, Oswaldo Aranha, seu tio famoso e patriarca da família, teria intercedido para que ele arrumasse um lar adotivo em Los Angeles, Califórnia, em 1951. Depois de se formar na Hollywood High School, tentou cursar Belas Artes em Milão, na Itália, mas abandonou o curso por falta de afinidade, voltando então para os EUA e matriculando-se no curso de Psicologia Social da UCLA, escolha que seria alterada posteriormente ao mudar o curso para antropologia.
Como relata em entrevista para Sam Keen, pensando em ir para o curso de antropologia, buscava a publicação de um paper para dar início à carreira acadêmica. Havia lido e escrito um pequeno ensaio sobre o livro de Aldous Huxley, As Portas da Percepção, que havia celebrizado no mundo ocidental os efeitos psicotrópicos da mescalina, alcalóide alucinógeno presente em grandes quantidades no botão do cacto de peiote, que era usado de forma ritual por vários povos indígenas americanos. Pesquisou o tema das plantas medicinais em livros como o de Weston La Barre, O ritual do peiote e partiu para o trabalho de campo. Foi então para o estado de Arizona, onde conheceu o índio brujo conhecido como Don Juan. Este viria a ser seu guia, e é personagem central nos livros autobiográficos que escreveu. O encontro com o índio foi um episódio marcante, que é recontado várias vezes na sua obra. Numa estação rodoviária, indicado por um colega da faculdade, Castaneda aproximou-se e apresentou-se como especialista em peiote, convidando o índio a lhe conceder entrevista. Como não sabia virtualmente nada a respeito do cacto, segundo relata, Don Juan teria captado sua mentira e devolvido-a com um olhar. Este olhar foi bastante significativo, pois Castaneda, normalmente um homem falante e extrovertido, ficou sem ação e tímido ao ser perscrutado. Nas explanações posteriores, diz que Don Juan o havia capturado com o olhar mostrando-lhe o nagual, pois havia visto que Castaneda poderia ser o homem que ele procurava para lhe passar seu conhecimento. Depois de mais alguns encontros, Don Juan lhe anuncia sua decisão e decide levá-lo a experimentar as plantas medicinais que Castaneda tanto pedia.
Aos poucos o jovem ocidental e acadêmico foi sendo posto ao encontro de experiências cognitivas que desafiavam o poder de explicação de sua razão, sendo forçado finalmente a mudar toda a sua concepção de mundo em prol das novas explicações que o mestre lhe fornecia e que ia compreendendo, gradualmente. Como explica no sexto livro, O Presente da Águia, o sistema de interpretações e crenças que se dispôs a estudar terminou por engalfinhá-lo, ao se revelar tão ou mais complexo que o sistema "ocidental" de interpretações do mundo. Este é um ponto chave da obra, antes inédito na antropologia e uma das fontes das acusações difamadoras que foi recebendo aos poucos. Pela primeira vez um estudioso e intelectual ocidental admitia a inoperância das suas ferramentas teóricas para classificar o objeto de estudo. O jovem ocidental viu-se forçado a admitir sua fraqueza e sua vida desordenada e vazia e um indígena aparecia como um "caçador e um guerreiro", dono de um propósito inabalável e capaz de manipular e influenciar profundamente sua percepção e visão de mundo.
Em junho de 1998, foi divulgada, muito discretamente, a notícia da morte de Carlos Castañeda, ocorrida supostamente dois meses antes, em função de um câncer.
Livros
  • A Erva do Diabo (The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge - 1968)
  • Uma Estranha Realidade (A Separate Reality: Further Conversations with Don Juan - 1971)
  • Viagem a Ixtlan (Journey to Ixtlan: The Lessons of Don Juan - 1972) - Esse livro foi a tese de PhD de Castaneda na UCLA em 1973 com o título: "Sorcery: A Description of the World"
  • Porta Para o Infinito (Tales of Power - 1975)
  • O Segundo Círculo do Poder (The Second Ring of Power - 1977)
  • O Presente da Águia (The Eagle's Gift - 1981)
  • O Fogo Interior (The Fire from Within - 1984)
  • O Poder do Silêncio (The Power of Silence: Further Lessons of Don Juan - 1987)
  • A Arte do Sonhar (The Art of Dreaming - 1993)
  • Readers of Infinity: A Journal of Applied Hermeneutics - 1996 - Diários do trabalho de Castaneda com suas discípulas ainda não traduzido.
  • Passes Mágicos (Magical Passes: The Practical Wisdom of the Shamans of Ancient Mexico - 1998)
  • O Lado Ativo do Infinito (The Active Side of Infinity - 1999)
  • Roda do Tempo (The Wheel Of Time : The Shamans Of Mexico - 2000) - uma antologia de citações comentadas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Versos Áureos de Pitágoras

Versos Áureos de Pitágoras

Aos deuses, segundo as leis, presta justas homenagens;
Respeita o juramento, os heróis e os sábios;
Honra teus pais, teus reis, teus benfeitores;
Escolhe para teus amigos os melhores homens.
Sê obsequioso, sê fácil em negócios.
Não odeie teus amigos por faltas leves;
Serve com teu poder a causa do bom direito;
Quem faz tudo o que pode faz sempre o que deve.
Mas sabe reprimir como um mestre severo,
O apetite, o sono, Vênus e a cólera.
Não peques contra a honra nem de longe nem de perto.
E só, sê para ti mesmo rigorosa testemunha.
Sê justo em ações e não em palavras;
Não dês pretextos frívolos ao mal.
A sorte nos enriquece, ela pode empobrecer-nos;
Mas fracos ou poderosos devemos sempre morrer.
Não sejas refratário à tua parte de dores.
Aceita o remédio útil e salutar,
E sabe que sempre os homens virtuosos,
São os menos infelizes dos mortais aflitos.
Que seu coração se resigne aos injustos colóquios;
Deixa falar o mundo e segue sempre teu caminho,
Mas não faças nada sobretudo levado pelo exemplo
Que seja sem retidão e sem utilidade.
Faz caminhar a tua frente o conselho que te aclara
Para que a absurdidade não venha atrás.
A tolice é sempre a maior das desgraças
E o homem sem conselhos responde por seus erros.
Não obres sem saber, sê cioso para aprender.
Dá ao estudo um tempo que a felicidade pode restituir.
Não sejas negligente em cuidar da tua saúde;
Mas toma o necessário com sobriedade.
Tudo que não pode prejudicar é permitido na vida;
Sê elegante e puro sem incitar a inveja.
Foge a negligência e ao fausto insolente;
O luxo mais simples é o mais excelente;
Não procedas sem pensar no que vais fazer,
E reflete, à noite, sobre toda tua jornada.
Que fiz? Que ouvi? Que devo lastimar?
Para a justiça divina assim poderes subir.
Eu tomo-te por testemunha: Tetractys inefável,
Fonte inesgotável das formas e do tempo;
E tu que sabes orar, quando os Deuses são por ti,
Conclui a tua obra e trabalha com fé.
Chegarás cedo e sem trabalho a conhecer
Donde procede, onde pára, para onde voltar teu ser.
Sem temor e sem desejos saberás os segredos
Que a natureza vela aos mortais indiscretos.
Tu calcarás aos pés esta fraqueza humana
Que ao acaso e sem alvo conduz a fatalidade.
Saberás quem guia o futuro incerto,
E que o demônio oculto segura os fios do destino
Tu subirás então sobre o carro de luz.
Espírito vitorioso e rei da matéria,
Compreenderás de Deus o reino paternal
E poderás assentar-te numa calma eterna.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Alberto Magno





Santo Alberto Magno (latim: Albertus Magnus), OP, também conhecido como Alberto de Colônia, Bispo de Regensburgo e Doutor da Igreja, foi um frade dominicano que tornou-se famoso por seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexistência pacífica da ciência e da religião. Ele é considerado o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média, e foi o primeiro intelectual medieval a aplicar a filosofia de Aristóteles no pensamento cristão.
Nasceu na Baviera, possivelmente no ano de 1193 ou 1206, numa família militar que desejava para Alberto uma carreira militar ou administrativa. Mas, após de concluir os seus estudos em Pádua e em Paris, optou por seguir um caminho sacerdotal, entrando na Ordem de São Domingos. Devido à sua crescente fé em Deus e em Jesus Cristo e à sua dedicação à Ordem, foi promovido a superior provincial e mais tarde, nomeado Bispo pelo Papa.
Alberto dominava bem a Filosofia e a Teologia (matérias em que teve Tomás de Aquino como discípulo) e mostrou também grande interesse em ciências naturais ao ponto de dispensar, com a autorização do Papa, o episcopado, para continuar a prosseguir os seus estudos e a sua investigação com tranquilidade. Ocupou-se em várias áreas de conhecimento, como a mecânica, zoologia, botânica, meteorologia, agricultura, física, química, tecelagem, navegação e mineralogia. Ele inseriu estes conhecimentos no seu caminho único de santidade, afirmando que a intenção última dele era conhecer a ciência de Deus. A suas obras escritas encheram 22 grossos volumes e exemplificou como viver com equilíbrio e graça a fé que não contradiz a razão.
Morreu em Colônia, no ano de 1280, proclamado Doutor da Igreja e Patrono dos cultores das ciências naturais.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Basilio Valentim




Basilius Valentinus, também conhecido pela versão portuguesa de seu nome, Basilio Valentim (Mainz, 1394) foi um alquimista do século XV.

Ele foi cônego do priorado beneditino de São Pedro em Erfurt, Alemanha.

Não se tem certeza se este era mesmo o seu verdadeiro nome; durante o século XVIII foi levantado a hipótese de tratar-se de Johann Thölde. Até mesmo o ano de seu nascimento não é dado como certo.

Ele demonstrou que o amoníaco podia ser obtido pela ação dos álcalis no cloreto de amônia, e como o ácido clorídrico poderia ser produzido da salmoura ácida.

Foi ele quem primeiro descreveu um método de obtenção de antimônio (em 1492). Suas obras mais conhecidas são Doze Chaves de Basilio Valentim e A Carruagem Triunfal do Antimônio.

Segundo a tradição, foi um dos maiores Alquimistas de todos os tempos.

Foi Beneditino alemão, viveu em Erfust em princípios do século XV; alcançou sua máxima difusão dois séculos mais tarde ao ser impressa sua obra As Doze Chaves, todavia muitos historiadores consideram mítico a este personagem.

O primeiro agente magnético empregado para preparar o dissolvente que alguns chamaram Alkaest, recebe o nome de Leão Verde, devido não tanto à sua coloração senão pelo fato de não haver adquirido todavia os característicos minerais, que distingue quimicamente o estado adulto do estado nascente.

É o embrião de nossa Pedra de nosso Elixir; alguns adeptos, entre eles Basílio Valentin, o chamaram Vitríolo Verde, para expressar sua natureza quente, ardente e salina.“Nossa água toma o nome de todas as folhas das árvores, das próprias árvores e de tudo o que apresenta a cor verde, a fim de enganar aos insensatos” - disse o Mestre Arnoldo de Vilanova.

Basílio Valentin dá o seguinte conselho: “Dissolva e alimente o verdadeiro Leão com o sangue do Leão Verde, pois o sangue fixo do Leão Vermelho é feito do sangue volátil do Verde, porque ambos são da mesma natureza” (O Mistério das Catedrais).

Em seu livro Azoth descreve de forma cifrada os meios para a produção da Pedra Secreta. Pela forma que se expressa, deduz-se que se trata da fórmula do Vitriolo (Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem – VITRIOL). Essa frase quer dizer: Investiga o interior da Terra, a qual retificando, encontrarás a pedra secreta.

Em seu livro Testamentum, Basílio Valentin assinala as excelentes propriedades e as raras virtudes do Vitriolo: “É um notável e importante mineral a que nenhum outro na natureza poderia ser comparado, porque o Vitriolo se familiariza com todos os demais metais mais que todas as demais coisas. Alia-se intimamente com ele, pois de todos os demais metais pode obter-se um vitriolo ou cristal, já que se conhecem como uma só e a mesma coisa.
O vitriolo é preferível aos outros minerais e deve conceder-se-lhe o primeiro lugar depois dos metais. Pois embora todos os metais e minerais estejam dotados de grandes virtudes, o vitriolo é o único suficiente para fazer-se a Bendita Pedra, o que nenhum outro no mundo poderia conseguir por si só.
A este propósito digo que é preciso que imprimas vivamente este argumento em teu espírito, que dirijas por inteiro teus pensamentos ao vitriolo metálico e que recorde que confiei-te este conhecimento, de que se pode de Marte (homem) e Vênus (mulher) fazer um magnífico vitriolo, no qual os três princípios se encontrem e que servem para o nascimento e produção de nossa Pedra” (Moradas Filosofais. Págs. 483 e 484).

Este texto pertence a : http://simbolosalquimia.blogspot.com